2004-12-29

O relatório PISA “pisa-nos mais uma vez os calos”!

A iliteracia em Portugal atinge níveis gritantes nos mais diversos domínios sem que haja a mínima preocupação em mudar este estado de coisas. Mais uma vez, desta vez no domínio da Matemática, o relatório PISA "pisa-nos os calos"!

Que a ignorância é matéria abundante neste país e a inteligência produto caro e raro, não será certamente novidade para ninguém. Novidade será talvez o que não se faz para contrariar esta tendência de empobrecimento do país.

Com base neste relatório PISA (Programme for International Student Assessment) recomenda a OCDE que todos os países devem aumentar os seus níveis de educação, já que a sua prosperidade (ou seja, a sua riqueza) depende da educação e da qualidade dos seus recursos humanos. Já em relatórios anteriores, por exemplo o último, dedicado ao domínio da leitura e interpretação de textos, a mesma recomendação era efectuada. No entretanto, decorreram cerca de três anos sem que nada ou pouco tenha sido feito: Sabemos da doença, sabemos qual o remédio para curar a doença, mas parece que não sabemos como administrá-lo!

Num sistema atacado pelo sindroma da (falsa) qualidade e da "reunite" aguda, eis que muitos dos nossos professores passam mais tempo ocupados em reuniões e a lavrar extensas actas das mesmas - quais escribas do período copista - do que ocupados com o que é realmente importante, ou seja, a preparação das aulas e a formação efectiva dos seus alunos.

Como se tal já não fosse suficiente, cada vez é maior a carga administrativa que ocupa o dia-a-dia de um professor, transformando-o em administrativo de secretaria, em tesoureiro, muitas vezes em vigilante e pouco faltando para que - um destes dias! - seja igualmente responsável por andar de esfregona em punho, limpando as salas de aula e os WC.

Carências de formação de base dos alunos parecem não haver. Transitam de ano, andam dois períodos lectivos a "apanhar bonés" e no último período - Aqui d’ El Rei! - efectuam-se falsos planos de recuperação com o objectivo de transitarem para o ano seguinte, cumprindo o que está na Lei, pouco o nada importando se o aluno, na realidade, superou as suas carências: É o país nominal do "faz de conta", no seu melhor! Todos (?) ficam contentes e assim vão as estatísticas de insucesso escolar diminuindo a contento de todos.

O problema é que a verdade é como o azeite. Basta um simples relatório PISA para colocar a realidade a nu. Ora o último relatório Pisa, "pisa-nos bem os calos", sem que até agora alguém tenha acusado sinais de dor. Mais palavras para quê? Temos um país de políticos calejados... tão calejados quanto insensíveis à dor (de um país cada vez mais pobre e longe da almejada prosperidade).

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